lunes, 26 de mayo de 2008

Tanto de meu estado me acho incerto. Autor. Luis de Camôes.

Tanto de meu estado me acho incerto,
Quem em vivo ardor tremendo estou de frío;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfío,
Agora desvarío, agora acerto.

Estando em terra, chego ao céu voando;
Nu-a hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos nâo posso achar n-a hora.

Se me pergunta alguém por que assim ando,
Respondo que nâo sei;porém suspeito
Que porque vos vi, minha senhora.

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