sábado, 24 de mayo de 2008

Vou-me embora pra Pasárgada. Autor. Manuel Bandeiras.

Vou -me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do Rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu nâo sou felíz
Lá a existencia é uma aventura
De tal modo inconsecüente
Que Joana a louca de Espanha
Raina e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau -de -sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do río
Mando chamar a mâe-´d'água
Pra me contar as historias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilizaçâo
Tem um processo seguro
De impedir a concepçâo
Tem alcalóide a vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar
E quando eu estiver triste mais triste
Mas triste de nâo ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-lá sou amigo do Rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada