lunes, 26 de mayo de 2008

Tanto de meu estado me acho incerto. Autor. Luis de Camôes.

Tanto de meu estado me acho incerto,
Quem em vivo ardor tremendo estou de frío;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfío,
Agora desvarío, agora acerto.

Estando em terra, chego ao céu voando;
Nu-a hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos nâo posso achar n-a hora.

Se me pergunta alguém por que assim ando,
Respondo que nâo sei;porém suspeito
Que porque vos vi, minha senhora.

Exilio. Autor. Olavo Bilac

"¿Ya no me amas?¡Bien! Partiré desterrado
de mi primer amor a otro amor que imagino...
Adiós carne amorosa, rapazuelo divino
de mis sueños, ¡Adiós bello cuerpo adorado!

En ti, como en un valle, me adormecí embriagado
en un sueño de amores a mitad del camino;
Quiero darte ya mi último beso peregrino
como quien abandona la patria, desterrado.

¡ Adiós, cuerpo fragante, patria de mi embeleso,
nido de blandas plumas de mi primer idilio,
jardín, en que hecho flores, brotó mi primer beso!.

¡Adiós! Ese otro amor ha de amargarme tanto,
como el pan que se come lejos, en el exilio,
amasado con hieles y humedecido en llanto."

domingo, 25 de mayo de 2008

Poema. Vinicius de Moraes. Autor.

Quando a luz dos olhos meus
É a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é, meu Deus
Que frío que me dá
O encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar
Meu amor, juro por deus
Me sinto incendiar.

sábado, 24 de mayo de 2008

Vou-me embora pra Pasárgada. Autor. Manuel Bandeiras.

Vou -me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do Rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu nâo sou felíz
Lá a existencia é uma aventura
De tal modo inconsecüente
Que Joana a louca de Espanha
Raina e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau -de -sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do río
Mando chamar a mâe-´d'água
Pra me contar as historias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilizaçâo
Tem um processo seguro
De impedir a concepçâo
Tem alcalóide a vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar
E quando eu estiver triste mais triste
Mas triste de nâo ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-lá sou amigo do Rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

domingo, 4 de mayo de 2008

Las cosas que deseamos. Juan del Encina. Autor.

Las cosas que deseamos
tarda o nunca las habemos,
y las que menos queremos
más presto las alcanzamos.

Por que fortuna desvía
aquello que nos aplace,
mas lo que pesar nos hace
ella mesma nos los guía:
Así por lo que penamos
alcanzar no lo podemos,
y lo que menos queremos
muy mas presto lo alcanzamos.

viernes, 2 de mayo de 2008

Imposible. Juan Zorrilla de San Martín. Autor

Dejadme recordar, y en ese limbo
en que agitan sus alas los amores,
y suspiran insólitos rumores,
que el alma sabe traducir no mas,
las palmas donde duermen los recuerdos
abaniquen mi frente soporosa,
que, al beso de su brisa mentirosa
en un seno de amor se dormirá.

¡Qué dulce realidad la del recuerdo,
vaga ilusión que a otra ilusión imita!
No entiendo el corazón cuando palpita,
mecido por su aliento celestial.
¡Y me habla tanto en su lenguaje mudo!
¿Cuando lo entenderé?... Cuando la vida,
en mundo de recuerdos convertida,
de mentiras engendre una verdad!